Estamos
vivendo dias de severas mudanças e esfriamentos nas denominações
evangélicas. A mundanização e a superficialidade começam a emergir.
Por que digo isso? Porque, apesar de décadas de crescimento, e após termos
alcançado um porte nunca antes visto, acabamos por contrair algumas mazelas
espirituais desenvolvidas na idade média como: o comércio da fé e a apropriação
dos templos. Como isso está acontecendo? Bom, nesta postagem vou apresentar um
dos muitos fatores.
Quem tem um
bom tempo na vida evangélica, irá lembrar-se dos dias em que para ser
consagrado à obreiro, deveria se ter chamada ministerial, a qual somente com
sensibilidade espiritual poderia ser apresentada. Não era a genética ou a
proximidade do líder que determinava o chamado. Era o Espírito Santo.
Contudo, com
o passar dos anos, a igreja evangélica tornou-se uma forma de se adquirir poder
financeiro e político. A “igreja” passou a ser vista mais como uma empresa ou
império do que como assembleia de santos como deveria o ser. Está
tornando-se num significativo instrumento de poder e meio de promoção na
política humana.
Com isso, um
sentimento patrimonialista abraçou muitos, ou seja, muitos estão considerando o
ministério pastoral, não como uma missão ou chamada divina, mas como um título
conferidor de propriedade do que está a liderar, de maneira que não veem mais a
igreja de Deus como a assembleia dos filhos de Deus, mas como bem material a
ser transmitido para seus herdeiros.
É
certo que muitos descendentes de ministros possuem uma evidente chamada
ministerial, e é obvio que não estou a me referir de quem Deus realmente chamou
para suceder. Muitos pastores sabem deixar verdadeiros legados espirituais para
seus filhos, de forma que esses se levantam como homens de Deus, dignos de
estar na liderança do ministério.
Entretanto
hoje não são poucos os que afastam a chamada espiritual. Buscam transmitir
uma estrutura de poder, ao invés de deixar um legado espiritual que realmente
brilhe na Terra. A vontade de se perpetuar no poder eclodiu, de maneira
que não basta mais continuar na cadeira por um tempo, agora muitos se empenham
para transmitir o poder para seus descendentes, tenham eles chamada ou não. Em
razão disso, para assunção do "ministério" substituiu-se a vocação e
a indicação divina, pelo “laço genético ou parental”.
Agora a
posição de filho, ou genro do pastor, trás a garantia de que um dia será
meteoricamente consagrado a diácono, presbítero, evangelista, pastor auxiliar e
enfim, a vice-presidente, posto no qual aguardará somente a jubilação do
"monarca" ou sua morte, para assumir. Observem este fenômeno no
Brasil.
Quantos
estão colocando seus filhos diretamente na vice-presidência de uma denominação,
sem ao menos considerar que ao seu lado existem pastores, homens de Deus, com
mais de 60 anos de idade, que o acompanharam nos mais difíceis momentos do
ministério, possuindo o perfil de obreiros aprovados e que manejam bem a
palavra da verdade. Contudo, falta-lhes um elemento: ser filho, filha, genro,
neto ou ter algum outro laço de família com o detentor do trono.
O problema
maior se instaura quando, querendo mostrar inovações, o “príncipe-herdeiro”,
implanta hábitos estranhos na liturgia do culto, e, na falta do Espírito Santo,
recorrem a estratégias psicológicas de atração de massa, alterações no layout
da igreja, combinações de fundos musicais e “louvores” que mais se assemelham a
MANTRAS do que a adoração genuína.
Muitos
fingem que estão falando em línguas, exigem que se busquem crescimento, mas
sequer se importam com a saúde das ovelhas. Usam os púlpitos para bater
naqueles que não contribuem para construir seus projetos pessoais, os quais atribuem
ser vontade de Deus.
Essa
mecanização, para marcar um novo “reinado genético ou parental”, até pode
trazer um bom número de novos ditos “fieis”, mas problemas vorazes começam a
surgir tais como: mundanização da igreja, pessoas vazias, pecados encobertos,
obreiros fracos e sem conhecimento da palavra,apelos emocionais extremos,
ameaças psicológicas, entre outros.
Geralmente
os "monarcas e príncipes-herdeiros" não gostam da Escola Dominical,
preferem interrompe-la para implantarem outros eventos, de maneira que
dificultam o aprendizado dos membros. Torcem a palavra ao seu bel prazer; põem
políticos, palhaços, blocos de carnaval sobre os púlpitos, pintam a igreja de
preto, e ainda chamam isso de estratégia de evangelização.
Outra
prática recorrente desses, é o “aborto de líderes e profetas”.
“Aborto de líderes e profetas”?
Permita-me
explicar:
Uma igreja
que esteja sob a meta de transmissão monárquica da cadeira pastoral, possui
como uma de suas características a interrupção ou suspensão ministerial de um
verdadeiro líder ou profeta que se levante. Quando o “pastor-monarca” ou mesmo
seu “príncipe-herdeiro” percebem que alguém está se destacando como líder,
apresentando uma palavra substancial, ou que sua liderança esteja realmente
proporcionando o crescimento de qualquer conjunto ou grupo, busca rapidamente
substituí-lo ou deixa-lo no banco, no intuito de aniquilá-lo por inanição.
Um homem,
mulher, rapaz ou moça que se destaque como um referencial de palavra ou fé, é
visto como uma potencial ameaça ao "trono", geralmente é suprimido
para que não tenha a chance de crescer. O ato do “aborto de
líderes e profetas” exige do “monarca ou príncipe” que aja rapidamente para
impedir, a qualquer custo, que o obreiro venha a ser maciçamente
conhecido.
Os
"monarcas" se cercam de líderes fracos que muitas vezes criticam-no
por trás, mas em sua frente não o questionam. Infelizmente tais pastores não
tem amigos, se limitam a terem "figurantes" no ministério, que não
podem atuar diretamente, sendo limitados aos papeis pré-definidos e
condicionados, não podem ter iniciativas próprias, caso contrário também serão
cortados.
O
“pastor-monarca” ou seu “príncipe-herdeiro” preferem extinguir o momento da
pregação do cronograma litúrgico, do que permitir que um pregador ameace
seu trono”. Não percebem que são protagonistas em um cenário profético.
Jesus assim disse:
“Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns
aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos
profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor
de muitos esfriará. Mateus
24:10-12
Apesar de
tudo, louvo a Deus, pois a igreja é Dele, e se isso tudo tem acontecido, é
porque nosso Senhor é longânime. Entretanto, o próprio Senhor tem anunciado que
sua ira tem prazo para entornar. Somente peço à Deus que tenha misericórdia dos
fieis que se encontram escondidos, clamando para que o Senhor intervenha.
Alguém
pode dizer: então devemos nos levantar contra esses monarcas!
Lembre-se
que Jesus disse:
“Ai do
mundo, por causa dos escândalos. Porque é mister que venham escândalos, mas
ai daquele homem por quem o escândalo vem!” Mateus 18:07
Não devemos promover escândalos.
Não aconselho que se levante para fazer o que Deus deve fazer.
Em alguns
lugares, pessoas conseguem destronar tais, contudo um novo trono surge, e
geralmente sedento de inverter a forma de operar anterior, levando o povo para
outro extremo tão nocivo quanto o primeiro.
Mas
o que fazer então?
Apenas
orem!
Se não
conseguirem esperar a intervenção de Deus, vão para outra denominação que
busque ser mais fiel ao comando divino. Afinal ser desigrejado não é ser
profeta é ser egoísta.
Bom seria se
pudesses ficar para ajudar o grande número de feridos que existem dentro das
igrejas e que estão sofrendo como a omissão causada pelo mal aqui informado.
Não se
importem com cargos.
Se não te
oportunizam os cultos para pregar, pregue em seus trabalhos, em suas escolas,
nas ruas, em suas casas, em suas famílias, nos locais para onde Deus te enviar
ou te colocar.
Visite os
órfãos e viúvas e ajude-os.
Dê pão a
quem tem fome, vestes a quem está com frio, faça a obra do Senhor.
Se os
“monarcas e príncipes” estão ocupados sendo autoridades, então seja você um
pastor dos necessitados. Não se acomode em cobrar que eles façam o bem,
faça você o bem que reivindicas.
Ore e
contribua com os missionários no campo, eles são "banqueiros de Deus"
para fazer render o seu talento.
Aconselhem
quem está em depressão.
Ajudem a
pacificar relações.
Salvem
casamentos.
Reestruturem
famílias.
Não gerem
confusões na igreja.
Não
transformem o templo em zona de protestos, isso é vergonhoso.
Não briguem
por “tronos terrestres”.
Façam a
parte de vocês perante Deus.
Deixem Deus
resolver essa questão.
Não deixem
de ir ao templo, pois há membros da igreja que estão doentes dentro dele e Deus
tem te chamado para ser um resgatador, ainda que anônimo.
Seja um
profeta, ainda que escondido. lembra do que Deus falou para Elias?
"Deus
não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra
Israel, dizendo: Senhor,
mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e
buscam a minha alma?
Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Romanos 11:2-5"
Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Romanos 11:2-5"
No livro do
Profeta Jeremias Deus assim fala:
Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz
o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos
pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as
afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das
vossas ações, diz o Senhor. E eu mesmo
recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se
multiplicarão. E levantarei sobre elas pastores
que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas
faltará, diz o Senhor. Jeremias 23:1-4.
Ressalto novamente o seguinte: há muitos pastores que são homens de
Deus e devem continuar na liderança e presidência da igreja, pois são
merecedores material e espiritualmente disso; há muitos filhos de pastores que
possuem a chamada divina, sendo muito justo que assumam a direção, pois não são
pastores por sucessão e sim por verdadeira unção. Esses muitas vezes promovem
um crescimento material e espiritual da igreja como nunca antes visto. Há
muitos líderes que são verdadeiros formadores de líderes.
O que aponto à todos, por meio deste texto, é a nocividade daqueles
que destroem a obra de Deus, por se recusar a aceitar que a igreja não é deles
e sim de Deus.
Deixo ainda
um recado para os tais “pastores-monarcas” e aos “príncipes-herdeiros”:
O que vocês
estão fazendo promove a ira de Deus. Há tempo para mudar a essa história.
Busquem a verdadeira chamada pastoral. Tirem a corrupção de vosso meio. Tirem
as traições de vossa vida. Parem de abortar líderes. Parem de levantar
hipócritas e chamá-los de líderes. Arrependam-se de seus pecados. Parem de
pisar em ungidos e chamar de ungidos quem não é. Parem de usar o púlpito para
buscar seus próprios interesses, chamando-os de vontade de Deus. Parem de dizer
que Deus mandou fazer isso ou aquilo quando na realidade é vossa vaidade quem está
clamando. Parem de inserir programações sociais, festejos, atrações e outros,
no meio do culto, façam-no depois, o culto é para Deus. Parem de colocar suas
fotos nas frentes de vossos templos, pois quem deve ser destaque é Deus. Parem
de simular.
Deus está
vendo tudo e breve intervirá.
Arrependam-se
antes que o vosso encontro com Deus chegue.
Deus seja
com todos os fieis na face da Terra.
Amém.