A paz do Senhor Jesus Cristo povo lindo.
Permitam-me compartilhar um estudo bíblico com vocês. Confesso que é um pouco comprido, mas entendo que vocês vão gostar muito e que irá responder a dúvidas de muitos. Peço apenas que ponha as lentes de Cristo nos olhos durante a leitura e tentem enxergar a partir de sua condição de participante do Novo Testamento (aliança).
Nosso Senhor Jesus Cristo certa vez disse:
“E ninguém põe vinho novo em odres velhos; de outra sorte, o vinho novo romperá os odres e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão. Lucas 5:37”
No dia em que o nosso Salvador disse isso Ele estava já ensinando seus discípulos (igreja) de que não deveríamos “vestir” os ensinos da nova aliança com a roupagem da Velha aliança.
A velha aliança, em resumo, era aquela feita entre Deus e o povo de Israel, no monte Sinai, da qual todos os que não eram hebreus estavam de fora. A nova aliança é aquela feita a partir do derramamento do sangue de Jesus Cristo na cruz e anunciada na última ceia do Senhor com os discípulos, onde todos os povos passaram a ter acesso, mediante a fé e aceitação de nosso Salvador.
Lembremo-nos de que ao declarar “está consumado”, enquanto todo o seu sangue era derramado, Jesus Cristo garantiu o recebimento da “certidão de quitação de nossas dívidas (pecados)”, liberando os hebreus da antiga aliança e abrindo as portas da graça para todos os povos, para que fizessem parte da nova aliança que agora era firmada.
A lei mosaica não era mais necessária. Jesus cumpriu-a toda. Como Jesus Cristo disse:
“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.” Mateus 5:18
Bom, tudo foi cumprido por Jesus, então a lei já não é mais necessária.
Com o sacrifício de Jesus Cristo na Cruz, nossa realidade foi reconfigurada. Por exemplo:
Na nova aliança o Espírito Santo não nos visita mais, agora Ele mora em nós (2 1 Coríntios 6:19; Timóteo 1:14);
Na nova aliança não somos mais salvos por nossas obras, performance ou cumprimento de mandamentos mosaicos, somos salvos pela graça e por meio da fé (Efésios 2:8);
na nova aliança o maligno não toca e nem faz dano algum aos que estão em Cristo Jesus, pois esses tem autoridade sobre o poder do inimigo (Lucas 10:19 e 1 João 5:18). Não é mais minha ação de dizimar que afasta o devorador, é o fato de estarmos em Cristo.
Apesar dessa maravilhosa graça divina, ao longo da história da igreja, percebemos líderes religiosos torcendo a palavra para escravizar fieis às suas vontades. Literalmente tentam colocar a nova aliança nos “odres” da velha aliança.
Isso aconteceu acentuadamente na idade média, quando a igreja católica vendia indulgências e associava as bênçãos e salvação ao valor em bens e dinheiro que uma pessoa “investia” no que eles diziam ser “reino dos céus” ou “obra de Deus”.
Com a reforma protestante tudo foi questionado. Havendo uma significativa redução em tal prática.
Contudo, o inimigo parece manter a mesma estratégia, pois hoje, percebemos autoridades evangélicas, que por desaviso, equívoco, desconhecimento da palavra ou intencionalidade, caem no mesmo erro.
Recentemente ouvi de um líder evangélico a seguinte afirmação:
“o que te livra do devorador é a sua fidelidade com o dízimo”.
Tal mensagem mostra-se uma verdadeira afronta ao sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por quê?
Permitam-me explicar:
Geralmente quem alardeia tal afirmação, se ampara no livro de Malaquias capítulo 3 versículos de 8 à 11:
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação.
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança.
E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.” Malaquias 3:8-11
A grande questão, que não é ensinada, é que essa determinação legal fora dada aos hebreus. E que a chamada casa do tesouro ficava dentro do templo em Jerusalém reconstruído a época de Zorobabel. Ou seja: não era permitido trazer dízimos para qualquer outro lugar.
Nenhuma sinagoga poderia substituir a casa do tesouro no templo.
Além disso, o dízimo era constituído para haver mantimento na casa de Deus, e dele se serviam os levitas que prestavam serviço na tenda da congregação, desde a época de Moisés (Números 18:21). Dar o dízimo era um dos mandamentos da lei Mosaica.
Ocorre que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (Atos 17:24) ou limita sua presença a pontos geográficos. Mas agora habita em seres humanos.
Não há mais templo judaico, logo não há mais serviço levítico obrigatório em templo. Agora tanto o serviço como a contribuição financeira num santuário deve ser voluntário. E se alguém busca servir integralmente como pastor, deve sensibilizar seus liderados que ajudar na manutenção desse serviço é voluntária e uma demonstração de amor, e não uma obrigação.
Observamos Abraão dar o dízimo ao sumo sacerdote Melquisedeque, e isso foi uma entrega voluntária, não obrigatória. Observamos que não havia qualquer lei que obrigasse o patriarca a fazê-lo. Abraão não vivia na lei, mas numa aliança de graça também. Haja vista que foi a fé de Abraão que permitira ser considerado justo (Romanos 4:3)
Hoje, estamos na nova aliança em Cristo Jesus. Não é mais o dízimo que nos livra do “devorador”, mas o fato de estarmos em Cristo. O maligno não toca em quem está em Jesus (1 João 5:18).
Dizer que é a “fidelidade nossa, para com a entrega dos dízimos” é o que afasta o devorador, CONSISTE NUMA FRANCA AFRONTA AO QUE JESUS CRISTO ENSINOU.
Alguns têm alardeado de que Jesus não revogou a ordenança do dízimo, e que Ele fez menção de tal. Verdade.
Note que Ele fez menção do dízimo quando falava do que praticavam os fariseus, assim como ele também não falou se o apedrejamento da mulher adúltera era errado ou certo. O fato de Jesus não ter condenado a sentença de apedrejamento, faz dessa uma realidade a ser seguida pelos cristãos hoje???
Quem quiser dar dízimos não está impedido. Aliás, hoje, na nova aliança, podemos dar mais do que dez por cento, se assim nosso coração desejar. Pois ofertamos por liberalidade. Ofertamos e dizimamos voluntariamente e não por obrigação.
Na realidade, quem tem Jesus no coração, enxergará a necessidade de manutenção dos santuários e de sustento a quem se dedica a atender e ensinar os irmãos.
Observamos hoje que multos praticam verdadeiras coações, pois sob a ameaça do “devorador”, tem devora recursos da igreja. Enriquecendo ilicitamente, corrompendo-se. Há instituições religiosas que pregam mais sobre o tanto que os fieis tem que dar em dinheiro do que no tanto que Jesus nos proporcionou em vida.
Alguém pode perguntar:
Mas devemos dar ou não o dízimo???
Tal pergunta não está correta.
O certo é:
O dízimo é ou não obrigatório???
Irmãos, a decisão de dar dízimo numa instituição religiosa é vossa.
Se entendes que o pastor da igreja está sendo zeloso para com as almas e que aquele local construído é vital para a cidade, e decides dizimar, não estás errando, apenas estás mostrando que és filho de Deus e conduzido pelo Espírito Santo, o qual tem te direcionado a ser um mantenedor de tal serviço.
Também podemos entender que outra forma de dizimar é dispensar ajuda financeira aos necessitados, pois se na antiga aliança o dízimo era para prover mantimento na casa do Senhor, hoje, na nova aliança, tendo a ciência de que a casa de Deus são pessoas e não templos de tijolos, enxergamos perfeitamente o ato de dizimar nessa ação. Ou seja, quando cuidamos da “casa do Senhor”, a saber: pessoas onde Deus mora (Jo 14:23).
Se ainda insistes em utilizar o antigo testamento para “cobrar dízimos”, então o entenda a partir das lentes da nova aliança o que diz em Ageu 1:9:
“Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por quê? — disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.” Ageu 1:9
Aí está outro versículo que levianamente tem sido utilizado para supervalorizar templos feitos por mãos humanas em detrimento dos verdadeiros templos onde Ele habita.
Por essa razão Jesus disse:
“Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não me visitastes.
Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos?
Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. “ Mateus 25:41-45
NOTEM QUE NA NOVA ALIANÇA, AS AÇÕES DE ABANDONO NÃO RECAEM SOBRE COISAS (TEMPLOS, PÚLPITOS, DÍZIMOS, CARGOS) RECAEM SOBRE VIDAS HUMANAS.
Por isso, entenda: se quiseres dar dízimos num templo, és abençoado, pois seu coração é compreensivo. Pois vês que ter um local para congregar é bom e importante referência num bairro para onde todos podem se dirigir. Mas jamais faça isso, por obrigação frente a imposição de lei, ou por medo de um devorador, pois biblicamente falando: o dízimo não é obrigatório. O devorador não se distancia de você por causa do dízimo, e sim pelo fato de estares em Cristo Jesus.
Para quem costuma ensinar que dar dízimo afasta devorador ou que é algo obrigatório, digo: não posso te impedir a ensinar tal, mas saiba que estás indo contra o que Jesus Cristo ensinou. Estás colocando vinho novo em odres velhos.
Dizer que Jesus não se opôs aos dízimos, não legitima a continuidade da obrigação deles. Jesus também não se opôs aos sacrifícios, aos apedrejamentos, aos sábados, aos rituais hebreus, e nem por isso, tais permaneceram obrigatórios após o seu grande Sacrifício.
Se você ajuda pessoas, dizima no templo, ou abençoa ministros eclesiásticos em seu trabalho, faça isso de coração voluntário e alegre, conforme o Espírito Santo te direciona. Jamais sob coação emocional ou espiritual.
Em suma: o dízimo não é obrigatório é voluntário. Não é a entrega do dízimo que nos salva do maligno é o fato de estarmos em Cristo Jesus. Não existe mais templo judaico, não há mais casa do tesouro. Na realidade Deus não habita mais em templos feitos por mais humanas. Ele rasgou o véu de alto a baixo, para morar no coração de cada um de nós. Investir na obra de Deus, não consiste em dar dinheiro para instituições religiosas. Isso é uma distorção bíblica maléfica. Investir na obra de Deus é investir em vidas humanas.
As instituições religiosas que porventura ensinem essa verdade, mostram-se merecedoras de serem ajudadas financeiramente pela igreja de Deus. De maneira que se querem sensibilizar o povo a contribuir, façam isso com fé que o mesmo Jesus que mora no coração das pessoas, os conduzirá a fazê-lo com alegria e prazer e não sob coação moral ou espiritual.
Por último deixo algumas dicas para quem interessar possa:
· Aos Líderes religiosos que se importam mais com as metas financeiras de sua instituição do que com a vida dos irmãos, convertam-se! Pois um dia vocês terão que prestar contas pelos seus atos;
· Aos que mesclam ensinos do novo testamento com os odres do antigo testamento, parem de fazê-lo! Pois isso se aproxima do que chamamos de “blasfêmia contra o Espírito Santo”.
· Irmãos sejam sensíveis as necessidades dos líderes que realmente estão trabalhando para Cristo, por meio do ensino, auxílio às almas aflitas, ajuda aos necessitados e contribuam com seu ministério;
· Líderes evangélicos: todo e qualquer valor de contribuição da igreja ao santuário é para manutenção desse, para o sustento de quem exclusivamente se dedica ao ministério, para ajudar necessitados e não para ser desviado para outro fim;
· O que o membro de uma instituição religiosa deu em uma oferta foi o que ele sentiu de dar naquele dia; tirar duas, três, quatro ou mais ofertas no mesmo culto beira a imoralidade ética e espiritual;
· Se pedirem ajuda extra para alguém, dê toda o valor arrecadado para o tal.
Um abraço à todos.
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