Observando os preceitos entre Deus e os homens, pode-se dizer que a
idolatria é um dos piores desvios espirituais que algum adorador pode cometer. De
forma geral, pode-se entender por idolatria o ato de se reverenciar, venerar,
se prostrar diante de imagens de esculturas ou mesmo diante de seres vivos.
Entretanto, se pararmos para analisar o cenário atual do que chamamos
cristianismo evangélico, podemos detectar uma estratégica, e camuflada, forma
de idolatria que passa desapercebido aos olhos de muitos. Inclusive de pastores:
a idolatria ao templo, ou a instituição religiosa. Tal podemos chamar de “templolatria.
Na antiga aliança entre Deus e Israel o que era denominado de “Casa de
Deus”, tratava-se do grande Templo em Jerusalém, inicialmente construído pelo rei
Salomão, filho de Davi. Durante a vigência da aliança antiga, quem quisesse
estar mais perto de Deus, deveria ir até Israel; chegando lá, deveria ir até Jerusalém
e se dirigir ao templo.
Ocorre que se você não fosse o sumo sacerdote, terias que ficar apenas
no átrio. Isso era o mais próximo da visitação de Deus que qualquer outra pessoa
podia chegar. Por isso Davi disse: “mais vale um dia nos teus átrios do que em
outras partes mil. Davi não teve o privilégio de viver a aliança em Cristo
nesta Terra.
Quando Jesus Cristo veio, Ele começou a anunciar que chegaria a hora
em que os verdadeiros adoradores, não adorariam em templos, mas em espírito e
em verdade. Ao morrer na cruz, e instituir a nova aliança, fazendo caducar a
antiga, Jesus transfere o lugar de adoração. De um lugar fixo num ponto
geográfico, a Casa de Deus passa a ser o coração de cada um que o aceita.
Deus ratificou a instituição de sua nova casa na Terra, rasgando o véu,
que separava o lugar santíssimo do lugar santo, de alto a baixo. A partir desse
momento, os primeiros cristãos começaram a ensinar que: “Deus não habitava em
templos feitos por mãos humanas” (Atos 17:24) mas habita em nós (João 14:23).
Com o entendimento de sermos nós a Casa Divina, a igreja de Cristo
cresceu em cada residência cristã. Mas passados séculos, alguns líderes cristãos,
de uma forma gradativa, inclinaram o coração do povo a focarem na instituição
religiosa ao invés de focar em Cristo. Ensinou-se ao longo da história que
todos devia devoção a igreja institucional. Chegou-se a entender que era a “igreja
institucional” aquela que poderia retirar almas do inferno e leva-las para o céu.
Com a reforma protestante a redescoberta da salvação pela graça,
diminuiu o pavor de não ter um templo físico para adorar. Redescobriu-se a
adoração em espírito e em verdade. Contudo, passados mais de quinhentos anos da
reforma, nos deparamos com o mesmo problema.
É comum subirem nos púlpitos dos templos alardeando que o povo precisa
vir até a casa de Deus e trabalhar nela. Chegou-se ao ponto de muitos confundirem
o trabalho voluntário num templo com a obra de Deus. Muitas pessoas inclusive
deixam suas famílias para realizar alguma tarefa no templo, cuidando que assim
fazendo, fizeram algo para Deus. Tentam através disso conquistar o céu por meio
de obras.
No ano de 2020, em pleno período de isolamento social em face da
pandemia, tive que sair para comprar
alguns mantimentos. Tamanho foi o meu espanto ao ouvir de uma senhora, que
conversava com a atendente, que não via a hora de abrirem novamente os templos pois,
segundo ela: tinha mais desejo de estar dentro de um templo fazendo algum
serviço do que com a sua própria família.
Ao ouvir isso me perguntei: onde estamos errando meu Deus?! Pois a
própria bíblia diz que se alguém não cuida de sua família negou a fé e é pior
que o infiel (I Timóteo 5:8). Quantas pessoas entraram em colapso espiritual
por não irem a um templo. Muitos não conseguem mais adorar ao Senhor onde
estão. Não sabem que são capazes de cultuar e até cear em reuniões de família.
Não acreditam que em suas casas podem usufruir do poder de Deus.
Ao chamarem os templos cristãos de “casa de Deus”, muitos, voluntária
ou involuntariamente, torcem a verdade bíblia e colocam o vinho da nova aliança
nos odres da velha aliança. Ao pregarem que paredes de tijolos são a casa do Senhor,
afastam os liderados de Deus. Pois imprimem em seus corações a ideia de que se
não forem aos templos não podem estar em contato com Deus.
Não bastasse isso, ainda rotularam os templos. Fazendo assim promoveram
uma satânica disputa de quem seria o detentor do “mapa ao tesouro celeste”. Uma
rivalidade maléfica tem abarcado muitas instituições religiosas. Rivalidade tal
que põe inveja em muitas torcidas organizadas. A situação tem ficado tão
crítica que nos aproximamos de uma indefinição do que realmente existem em
nossos dias. Afinal, hoje tempos campos eclesiásticos para melhor organização
do povo ou “feudos clericais” para a manutenção de um império?
Não sou contra a construção e melhorias de templos. É bom ter um lugar
para se reunir e cultuar a Deus juntos. O problema está em transformar uma
construção num objeto de idolatria. Muitas pessoas tem mergulhado tanto na
ideia do templo ser um local sobrenatural, que entram em colapso psicológico
quando não conseguem descobrir qual dos templos, instituições ou denominações
consistem na real casa de Deus.
Muitos tem se tornado adoradores de placas denominacionais. Pelejas,
porfias, intrigas têm marcado os templos, principalmente no Brasil. Isso não
provém de Deus.
É preciso deixar claro que templos construídos por homens são úteis e
bons quando usados de forma correta, porém eles não são a casa de Deus. Nós é
quem somos. Quando algum líder exalta a instituição religiosa que dirige, pregando
sua “grandeza”; em detrimento a pregação da verdade que é Cristo, aquele está
não só se afastando de Deus, mas a todos que sob sua direção estão.
Muitos citam Ageu 1:4 para advertir sobre a frequencia no templo, mas não
atentam que, na nova aliança em Cristo, a casa que não deve ser esquecida são
pessoas. São as almas que não podem ser abandonadas; são elas que não podem
estar vazias. Assim, para buscar quebrar essa idolatria templal é necessário
que todos saibam algumas verdades da Nova Aliança em Cristo Jesus:
· Deus habita em nós;
· Construir templos
de tijolos não é trabalhar para o Reino de Deus; ajudar templos humanos o é;
· Contribuir com uma
instituição religiosa para aquisição de imóveis, construções e reformas em
templos não é semear ou ajuntar tesouro nos céus, isso é apenas um esforço humano
para melhorar os locais de ajuntamentos; focar nas almas humanas e suas
necessidades espirituais, emocionais e materiais, de maneira a conseguir trazê-las
à Cristo é o real ajuntamento de tesouros no céu.
Então meu irmão, observando o exemplo do templo de Jerusalém, e como
foi derrubado até hoje, aprenda: Deus não se interessa em morar em edifícios
feitos por homens. Ele quer habitar em você. Apenas creia em Jesus Cristo como
salvador e verás como a bondade Dele se fará presente em sua vida.
Graça e paz para todos.